Foto: http://www.ccta.ufpb.br/
PAULO SERGIO VIEIRA
( Paraíba – Brasil )
Nasceu em Cajazeiras, PB, em 29 de março de 1959.
Poeta, professor de literatura e poeta.
Possui graduação em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba (1996), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2003) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2010). Atualmente é pesquisador colaborador da Universidade Federal de Pernambuco e professor associado I da Universidade Federal de Campina Grande, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de geografia, geografia econômica, geografia agrária, teorias geográficas.
Informações coletadas do Lattes em 25/06/2020
ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa, PB: Edições OK Sebo Cultural, 2009. Caixa, contendo
1 CD e 31 encartes (poetas e poemas). Ex. bibl. Antonio Miranda
“O livro (Cílios de Deus) de Paulo Sérgio Vieira é um livro
magro, de poemas pequenos, versos curtos. Torna-o denso,
contudo aquele sentido mais que vigilante, de se apalpar a
palavra, enquanto carnadura essencial da frase poética, no
seu aspecto substantivo, na sua dimensão concreta. O seu
modo de operar a enunciação poética prima pela economia
de linguagem e pela contenção expressiva.”
Hilberto Barbosa Filho, crítico e poeta paraibano
FAIXA 20
deixo o sono das palavras
elas estão cansadas dos dias
e mesmo uma canção sagrada
nada expressaria
deixe-as em paz solitárias
na brancura dos lençóis
pois ainda dormindo expressam
o sonho de todos nós.
por que consultar relógios
se neles não prisioneiros
o tempo que se faz de conta
e o que se faz verdadeiro
e basta consultar a lua
minguante, quarto-crescente
ou mesmo o sol por inteiro
e deixe escoarem as horas
em luminosos ponteiros.
quando anália
solta os cabelos
o mundo vem abaixo
reclamar
a primitiva beleza
aí então
timidamente
ela dobra o olhar
sobre o ventre
recomponde de vez
a paisagem silvestre.
só quando o vento
sopra os teus cabelos
é que o dia amanhece
e se ouve o primeiro rouxinol
anunciar o diálogo das horas
e assim carecerá mais sol
para que se apaguem de vez
as sombras da noite
e a memória do teu sono
só então estará permitido
fincar os esteios do tempo.
volva o luar
abrindo-se ao mar
como uma vulva.
quantas palavras gastas
em discurso oficial
nascidas mortas
teriam melhor função
novos sabores e nomes
(de cada dia)
igual a palavra pão
que ao invés de engordar
sacia
a fome (de cada cão).
dor de morte este poema
derramado sobre a mesa
pulsante matéria bruta
à falta de quem o escreva.
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Poemas extraídos do livro “Cílios de Deus”.
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Página publicada em fevereiro de 2022
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